O egresso da FDV, Rodrigo Daud, um dos fundadores da startup UNIT, representou os capixabas e o Brasil no desafio Harck Brazil, uma competição de inovação realizada dentro da Brazil Conference, organizada por estudantes brasileiros nas universidades de Harvard e MIT, nos Estados Unidos, com o objetivo de impulsionar startups que desenvolvem soluções com impacto social.
Foram mais de 300 startups inscritas, e a representada pelo egresso da FDV ficou entre as cinco finalistas no evento, sendo a única capixaba na final da competição que, neste ano, buscou discutir se o Brasil está preparado para o Século XXI, trazendo para pauta temas relacionados a política, economia, cultura e sociedade. Para Rodrigo, sua trajetória na FDV foi fundamental para sua formação enquanto profissional, cidadão e indivíduo.
“A FDV foi peça chave para que eu chegasse aonde estou. Fui bolsista na instituição, o que me permitiu ter acesso a uma formação de excelência, e, de outro lado, me estimulou a exercer o meu máximo potencial, já que eu tinha o compromisso de manter coeficiente de rendimento e participar dos grupos de pesquisa. Segundo, porque o meu interesse por empreendedorismo, finanças e economia foi instigado nas aulas de direito empresarial com a querida professora Alessandra Albuquerque, que não se limitava a ensinar os conceitos e regras de forma isolada, mas situá-los no contexto mais amplo, explicando os seus porquês e a sua aplicação prática. Foi nas aulas da Alessandra que li o livro “Crash! Uma Breve História da Economia”, onde tive minhas primeiras lições sobre a história da criação do dinheiro, o surgimento das companhias por ações, a bolsa de valores, os bancos centrais, etc”, disse Rodrigo que contou ainda que a idealização da Unit ocorreu quando advogou para uma instituição financeira onde a contratação foi uma indicação da professora Flávia Marchezini.
Rodrigo destacou que a startup desenvolve um benefício corporativo de redução de dívidas e cuidado financeiro para trabalhadores. Em parceria com os empregadores, ela ajuda colaboradores a quitarem suas dívidas com juros altos ou em atraso por meio de um programa de parcelamento com juros menores e conectado a uma jornada de desenvolvimento financeiro.
“O primeiro esboço da startup surgiu a partir de duas experiências que tive em minha vida: ficar endividado e advogar para uma instituição financeira. Desde jovem eu cuidava do meu próprio dinheiro, mas não tinha educação financeira, até que me embolei com as faturas do meu cartão de crédito. Nesse meio tempo, comecei a advogar para uma grande instituição financeira. Lá eu aprendi muito sobre o mercado financeiro e regulação bancária e, principalmente, aprendi sobre como as pessoas usavam créditos ruins, com altas taxas de juros, e de maneira perigosa, sem qualquer controle. Foi ai que rolou o “estalo” e veio a ideia de transformar aquilo que funcionou para mim, em uma solução que pudesse ajudar também outras pessoas a vencerem as suas dívidas”, contou.
Sobre a experiência no evento, Rodrigo descreve os motivos de tanto, orgulho. “Desde a proposta do evento, à sua organização pelos estudantes e o local escolhido, os polos de Harvard e do MIT, na cidade Cambrige, uma das capitais intelectuais do mundo, tudo, inspira excelência intelecual e inovação, mas ao mesmo tempo ensina muito sobre cooperação, humildade e diversidade. Para nós foi um privilégio ter a oportunidade de apresentar a Unit, fazer conexões e dialogar com líderes e representantes de diferentes pautas, criando ideias sobre o futuro do nosso país. E a história sobre a nossa seleção é muito legal, porque uma das sócias inscreveu a Unit na Hack Brazil e avançou as duas primeiras fases do processo seletivo sem nos contar. Quando soubemos já estávamos na pré-seleção da fase Maker, que é um Programa de Aceleração para 30 startups e de onde são escolhidas as finalistas. A partir daí foram 3 meses de mentoria e preparação até a final”, disse.
Para inspirar outras histórias para estudantes que estão em busca de conexões entre Direito e Startups, Rodrigo escolheu falar de três temas:
Exponham-se a diferentes experiências: “Me recordo que Nizan Guanaes encerrou o seu discurso de abertura da Brazil Conference parafraseando Estein, dizendo que “a criatividade é a inteligência se divertindo”. É por isso que expor-se a diferentes experiências é fundamental para estimular a criatividade e expandir nossa visão. Ao experimentar coisas novas, estamos constantemente aprendendo e absorvendo novas informações, o que nos permite criar conexões entre ideias aparentemente desconectadas e encontrar soluções mais inovadoras para problemas complexos”.
Tenham a cabeça aberta: “Lembro que desde o início da faculdade eu tinha a certeza de que seria advogado, mesmo sem nunca ter advogado antes. Eu já tinha toda minha carreira desenhada na minha cabeça e queria tudo para ontem. Meu último dia de graduação foi meu primeiro dia de pós-graduação e ainda durante a especialização, entrei como aluno especial no mestrado. Quando eu me dei conta a minha perspectiva estava cada vez mais fechada, eu ainda nem sabia verdadeiramente o que seria da minha carreira. Tudo ficou mais leve e os caminhos começaram e se abrir quando eu parei de me condicionar tanto, controlei a ansiedade e abri a cabeça. O mundo é gigante e complexo, nossas oportunidades são infinitas. Se engana quem pensa que só existe um caminho”.
Apostem alto: “Quando começamos a Unit, eu tinha 24 anos, nunca havia empreendido ou liderado uma equipe e um total de R$0 para investir num negócio que queria competir com as instituições mais fortes do país, os bancos. Tinha tudo para dar errado, mas tinha uma mínima chance de dar certo. Empreender e buscar o sucesso é sobre tomar risco. E a melhor hora para tomar risco é quando ainda somos jovens. Além de termos mais energia, nossas responsabilidades ainda são menores, na maioria das vezes ainda não temos família ou filhos para sustentar. Portanto, podemos tomar mais risco e ter menos medo de errar. O importante é acreditar em si mesmo e siga o seu coração.
